Consequências do consumismo

Consumismo / Reportagens

Por Daniel Machado
produtor do Destrave

Quem não gosta de ir a uma loja, ao shopping ou até mesmo àquelas lojinhas de utensílios domésticos para adquirir coisas novas?A sensação de comprar algo novo é sempre prazerosa, mas pode tornar-se uma grande armadilha financeira, psicológica e até espiritual. Sem falar das festas cristãs como Natal e Páscoa, que se transformaram em datas de comércio.

Com a economia do Brasil a todo vapor, os brasileiros estão consumindo cada vez mais. Só o poder de compra da classe média cresceu de 44,19% para 51,89% nos últimos seis anos (dados da Fundação Getúlio Vargas); e este consumo não é só no território nacional, pois, segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), as despesas dos brasileiros, no exterior, totalizaram US$ 16 bilhões (R$ 28 bilhões) em 2011.

“O consumo faz parte da vida humana, e a nossa qualidade de vida melhorou muito nos últimos anos”, diz Marco Antônio, filósofo e professor universitário. No entanto, o professor também nos aponta um problema: “Apesar de as pessoas estarem vivendo mais, eu vejo que a qualidade da vida psicológica piorou. Nós temos mais e melhores condições, mas parece que somos menos felizes”.

À direita, o filósofo e professor Marco Antônio. À esquerda, o professor de publicidade Josué Brazil.

Jovens consumistas

Antigamente, o máximo que um jovem ganhava para o seu consumo era a mesada dos pais, que dava para comprar um tênis, um sapato ou um novo jogo de vídeo game. Mas os tempos mudaram. A geração de hoje invadiu o mercado de trabalho e passou a ganhar salários muito além de uma “mesada”. Com os novos serviços que facilitam a compra, somados às tão atraentes novas tecnologias e à publicidade das grandes marcas, essa galera passou a consumir como gente grande. Estima-se que as novas gerações Y e Z movimentem cerca de 2,5 bilhões de dólares por ano.

Veja também o especial sobre Ditadura da Beleza

“Há alguns anos, o jovem não tinha o poder de compra que ele tem hoje”, diz o professor de publicidade e marketing Josué Brasil. Para ele, essa juventude consumidora é o alvo da publicidade de grandes marcas, pois “o jovem, uma vez fidelizado, passa a ser um consumidor em potencial no futuro e, para as empresas, isso é muito interessante”, diz Josué.

Quando falamos em jovens consumistas, o Brasil aparece no topo da lista. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 37% dos jovens brasileiros gostam de comprar, um índice que coloca, no “chinelo”, jovens de países como França (32%), Japão (31%) e Estados Unidos (12%).

Será que sou viciado em compras?

Toda essa facilidade de consumo tem apresentado consequências desastrosas, pois cresce, de forma alarmante, o número de pessoas com transtornos compulsivos por compras, que se chama oneomania.

Aline: "Era um prazer muito grande chegar em casa com várias sacolas nas mãos."

“Eu comprava, toda semana, até 3 ou 4 pares de sapatos e, muitas vezes, repetidos”, conta Aline Machado, professora na cidade de Roseira (SP). “Era um prazer muito grande chegar em casa com aquele monte de sacolas, mas, logo depois, vinha um vazio e eu me sentia triste e infeliz, apesar de ter as melhores roupas”, testemunhou Aline.

Segundo Paulo Henrique, psicólogo e professor da Universidade de Taubaté (SP), a compra compulsiva é apenas o sintoma de alguma questão mais profunda. “Geralmente, essas pessoas apresentam um quadro de ansiedade muito grande, e a compra é a única forma de preencher o vazio que elas estão sentindo”, explica o especialista.

Pessoas que sofrem de oneomania, geralmente apresentam distúrbios de humor, ansiedade excessiva e depressão. Em casos crônicos, quando elas se encontram impossibilitadas de comprar, podem ter sintomas como irritação, taquicardia, tremor e sensação de desmaio iminente. Logo após adquirir o que desejavam, essas mesmas pessoas sentem remorso por não ter controlado a compulsão e são acometidas pela depressão.

Consequências espirituais do consumismo

Na Missa do Galo de 2011, o Papa Bento XVI disse que “o Natal tornou-se uma festa de negócios, cujo fulgor ofuscante esconde o mistério da humildade de Deus”.

“O Compêndio da Doutrina Social da Igreja critica essa perversão do momento sagrado – e também humano – em momentos de consumo”, alerta padre Joãozinho, scj.

Não é de agora que o consumismo tem tomado lugar nas grandes festas cristãs, transformando-as em datas de comércio. Papai Noel, ovos de Páscoa, coelhos, duendes e muitos outros personagens foram – de forma orquestrada – ocupando o lugar dos símbolos religiosos e adentrando no imaginário coletivo de nossas crianças.

A consequência é que, muitas pessoas, ditas cristãs, estão trocando Cristo pelo comércio. Para muitos, a Páscoa está longe de ser a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus; e o Natal está longe de ser o nascimento de Cristo.

“Não há problema em se ter um ovo de Páscoa em casa, mas ele deve reesignificar o sentido dessa festa como um símbolo da vida nova que Cristo veio nos trazer”, conclui o sacerdote.

Confira todos os vídeos do Destrave


.

deixar uma resposta para Aline Cerqueira

13 Comments to Consequências do consumismo

  1. celia's Gravatar celia
    29 de março de 2012 10:50 Permalink

    LEGAL É VERDADE SE PENSA MUITO EM OVO DE PASCOA E ESQUECE O PRINCIPAL JESUS CRISTO

  2. Aline Cerqueira's Gravatar Aline Cerqueira
    29 de março de 2012 11:33 Permalink

    Parabéns pela matéria! Muito boa e muito bem produzida!

  3. Anderson Nascimento's Gravatar Anderson Nascimento
    29 de março de 2012 13:53 Permalink

    Que Maria Santissima passe na frente de nós e principalmente dos nossos jovéns, nos livrando de todos os males do mundo moderno!

  4. Janilse Helena Martins Santos's Gravatar Janilse Helena Martins Santos
    29 de março de 2012 16:07 Permalink

    Sou catequista, como devemos abordar este assuntos com as crianças? Por exemplo: na Páscoa, o que tem a ver a Ressureição de Cristo com ovos de chocolate, Coelhinhos?rn Por favor, me esclareça.rnrnFiquem com Deus.rn Obrigada.

  5. Cesar Nascentes's Gravatar Cesar Nascentes
    29 de março de 2012 17:19 Permalink

    “Vivemos numa sociedade opulenta, consumista e esbanjadora” (Dom Cláudio, bispo de Patos de Minas/MG)

  6. THANIA FERRO's Gravatar THANIA FERRO
    29 de março de 2012 17:42 Permalink

    Concordo plenamente com o artigo. A cada dia as pessoas estão mais consumistas, colocando o ter sobre o ser, o que provoca depressão e, muitas vezes, o suicidio, porque o individuo não consegue preencher um imenso vazio na alma.rnPreocupante a situação porque as festas cristãs estão tomando uma conotação secular. rnCabe, portanto, a cada um de nós, dar o exemplo aos nossos filhos, mostrando as consequencias de um materialismo desenfreado.

  7. CARINA's Gravatar CARINA
    29 de março de 2012 17:51 Permalink

    É FATO, A SOCIEDADE TEM SE TORNADO COMSUMISTA SEM LIMETES. É UMA PENA POIS CADA VEZ AS PESSOAS FICAM MAIS DOENTES, TANTO DO CORPO QTO DA ALMA….

  8. geraldo's Gravatar geraldo
    29 de março de 2012 19:32 Permalink

    Muiito bom e didático parabéns.

  9. Andreia Silva's Gravatar Andreia Silva
    30 de março de 2012 22:55 Permalink

    Infelismente é a nossa realidade,mas temos que mudar a visão da nossa humanidade, e que tal fazendo a nossa parte.rnVamos colocar JESUS como prioridade em tudo!Pense nisto!

  10. Adriana SANTOS BATISTA's Gravatar Adriana SANTOS BATISTA
    30 de março de 2012 23:39 Permalink

    INFELISMENTE,SOU UMA DESSAS PESSOAS,QUE COMPRA POR COMPULSÃO MUITAS VEZES,ISSO DE FATO ME ENTRISTECE MUITO,POIS Ñ CONSIGO ECONOMIZAR PARA ALCANÇAR MEUS OBJETIVOS,TRAZENDO COM ISSO O SENTIMENTO DE FRACASSO.REZO PARA QUE DEUS ME LIBERTE DESSA DOENÇA.pOR FAVOR ME COLOQUE EM SUAS ORAÇÕES PARA QUE EU ME LIBERTE DESSA PRISSÃO QUE TIRA A MINHA PAZ E ME FAZ SOFRER E ATÉ MESMO DESACREDITAR QUE POSSO MUDAR DE VIDA,SER UMA PESSOA MELHOR.

  11. Vanessa Machado's Gravatar Vanessa Machado
    31 de março de 2012 13:23 Permalink

    Gostei muito da matéria… Com certeza ajudará muitas pessoas com este problema.

  12. joaninha's Gravatar joaninha
    3 de maio de 2012 18:24 Permalink

    Passei um periodo assim de grandes impulsos pelas compras.Comprava tudo que era bonito e sem sentido.Meu guarda-roupas era tao cheio que eu nao conseguia ver aquelas roupas que me dava vontade de vomitar.Dai eu comecei a raciocinar dizendo nao tem logicas.iliminei tudo aquilo que nao me servia mais e passei a ter mais controle sobre as compras.Gracas a Deus estou muito bem e controlada.

  13. Silvia Helena's Gravatar Silvia Helena
    30 de dezembro de 2014 21:17 Permalink

    Nossa!!! Conheço a Aline e testemunho que ela venceu e vence diariamente este vício que lhe causou tanta mal, isso graças a Deus, Nossa Senhora e sua força de vontade!Parabéns amiga e irmã em Cristo!