Em 1984, o Papa João Paulo II pediu que a cruz da Jornada Mundial da Juventude fosse levada ao mundo como um sinal do amor de Deus pela humanidade. Certamente, em Salvador, ela cumpriu este papel, apresentando-se aos mais necessitados, sem voz e sem vez, como sinal visível do perdão, da misericórdia e da esperança.
Nesta segunda, 19, após visitar os detentos do Complexo Penitenciário Lemos de Brito (veja a matéria), a cruz e o ícone da Santíssima Virgem Maria partiram em procissão para o Bairro Mata Escura, periferia de Salvador, um local marcado pela violência e extermínio de jovens.
Segundo um jovem morador do local, pertencente a Paróquia Perpétuo Socorro, onde foram venerados os símbolos da JMJ, “o bairro vive uma situação de violência muito complicada”. E denunciou: “No nosso bairro existem duas facções que lutam por território, e o resultado disso é a morte de muitos jovens”.
“Eles dividiram o mesmo bairro em duas regiões e o morador de um lado não pode passar para o outro, e isso dificulta muito a nossa evangelização, porque um jovem que está em outra região do mesmo bairro não pode, por exemplo, ver os símbolos da JMJ que estão aqui”, explicou Lenilson.
Perguntado sobre o que significava a visita dos símbolos da JMJ num bairro marcado por estas realidades, o jovem declarou que a cruz e o ícone são sinais de libertação e esperança, e que é hora de olhar e orar mais pelas famílias. “As famílias não educam mais os seus jovens para os valores da religião. Espero que a visita da cruz desperte nas famílias o desejo de educarem seus filhos para Deus”, concluiu o rapaz baiano.
“Não deixem que ninguém tire de vocês a esperança que é própria de um jovem!”, exortou Dom Gilson Pereira.
Mas os símbolos tinham também uma última visita muito especial a fazer. A cruz dos jovens também foi visitar adolescentes infratores que passam por ações socioeducativas na FUNDAC (Fundação da Criança e do Adolescente).
Nessa entidade, os adolescentes recebem atendimento médico, psicológico e educacional. Segundo o gerente do local, Antônio Carlos Viana, dependendo da sentença que o adolescente sofra por ter cometido o delito, ele fica na instituição de 6 a 3 anos.
Nesse local, deparamos com jovens que, de forma muito precoce, veem sua liberdade ser tolhida. Como não se compadecer desses jovens que são vítimas da cruel realidade social do nosso Brasil? Mas também, como não se emocionar em ver que Deus vai ao encontro deles por intermédio da cruz peregrina e do Ícone de Maria Santíssima?
Na FUNDAC, Dom Gilson Duarte, bispo auxiliar de Salvador (BA), presidiu a Eucaristia na intenção dos adolescentes. Em sua homilia, o prelado exortou os jovens a não perderem a esperança: “Não percam a esperança! Não deixem que ninguém tire de vocês a esperança que é própria de um jovem”.
Ao final da visita, a diretora da instituição, Ariselma Pereira, se dirigiu aos jovens e funcionários da FUNDAC: “É uma honra receber estes símbolos que passaram pelas mãos de milhares de jovens pelo mundo e hoje eles vêm ao encontro de jovens excluídos e necessitados, sem vez e sem voz”, disse a diretora, que agradeceu a Dom Gilson a visita da Cruz. “Esta cruz vai embora, mas fica no coração de cada jovem aqui a esperança que ela nos trouxe”, concluiu Ariselma.
A visita foi encerrada com a aproximação dos jovens da cruz para tocá-la e contemplá-la. Ali, ouvimos mais uma vez o clamor de Cristo na cruz, dizendo “Tenho sede!”, sede da juventude.
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É muito bom ver a participação da nossa igreja junto com os jovens.
Por que Deus é para todos.
Deus seja louvado e nossa mãe Maria Santissima.
Lindo demais!
Jesus está visitando seu povo através desta caminhada da cruz, junto com Maria sua Mãe “Icone da Ternura de Deus” por nós seus filhos”
Os jovens que ficaram marginalizados do outro lado pela facção que os divide possam crer que eles foram alcançados pela graça do Espírito Santo que não tem fronteiras e nem limites.
A exortação à Esperança, ninguém as pode tirar, porque “o Amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” nos diz São Paulo.
O poeta já dizia que “a Esperança é como um pássaro empoleirado em nossa alma”, ninguém pode nos tirar, porque é dom de Deus. Aleluia!