Crianças são vítimas de abuso sexual diariamente

Reportagens / Transtornos da sexualidade

O abuso sexual, em crianças de 0 a 9 anos, é o segundo maior tipo de violência registrada nesta faixa etária. Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde,em 2011, registrou 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos.

De acordo com o sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde, o abuso em crianças até os 9 anos representa cerca de 35% das notificações. Também foram analisados os registros referentes às crianças de 10 a 14 anos, com 10,5% das notificações. A partir deste dados, a VIVA pôde conhecer a frequência, a gravidade da agressão e identificar o tipo de violência doméstica, sexual e outras formas (física, sexual, psicológica e negligência/abandono).

Pesquisadores nos EUA disseram que, de uma amostra de 290 pessoas tratadas de adição ao sexo, 78% mencionaram abuso sexual na infância

Os números também comprovaram que a maior parte das agressões acontecem na residência do menor (64,5%). A pesquisa apontou que o meio utilizado para a agressão é a força corporal/espancamento (22,2%), onde os mais atingidos são os meninos com (23%) e meninas com (21,6%).

Outro dado revelado pela pesquisa é que 45,6% dos autores da correspondem aos sexo masculino. Grande parte dos agressores são pessoas próximas da crianças, ou seja, pais, familiares ou alguém que frequente o convívio familiar da criança ou do adolescente.

Abuso sexual infantil  x  transtornos sexuais na vida adulta

Dois pesquisadores americanos relacionaram o abuso sexual infantil a fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos sexuais na vida adulta. A pesquisa de Carnes e Delmonico relatou que, de uma amostra de 290 pessoas tratadas de adição ao sexo, 78% mencionaram abuso sexual na infância. A compulsão sexual surge como uma defesa contra afetos e sensações desconfortáveis, baixa auto-estima e vergonha do trauma.  Mas estes números ainda são bem discutido no meio científico onde merecem maiores aprofundamentos.

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Para a maioria dos especialistas, no entanto, uma coisa é bem aceita: a criança sofre as consequências do trauma. “Não prejudicar a criança no seu desenvolvimento é difícil; porque ela não está preparada para aquilo.  Se suspeitou [do abuso] os pais precisam buscar ajuda para a criança porque é o adulto que sabe o que aconteceu, a criança não tem noção. Se esta ajuda não vier isso vai sim prejudicar a criança no seu desenvolvimento sexual” explica a psicóloga infantil Paula Pessoa

Assista, no vídeo abaixo, a entrevista com a psicóloga infantil Paula Pessoa

Como perceber se a criança foi abusada?

Segundo Paula, é importante que os pais prestem atenção no comportamento dos filhos e, diante de qualquer atitude estranha ou de recolhimento, é bom conversar com a criança.

“Os pais precisam acompanhar as crianças, ou seja, viu alguma coisa estranha ou o seu filho ficou mais retraído, procure saber o que aconteceu e não deixe ele sozinho, porque ele não sabe e não vai falar. Nós precisamos entender que a criança não sabe o que houve e você deve ficar atento, porque isto pode prejudicar o desenvolvimento dela em relação ao relacionamento com outras pessoas”, ressaltou a psicóloga.

Alguns sinais físicos que podem estar relacionados à violência sexual na infância e adolescência: lesões, edemas, hematomas em região genital, mamas, pescoço, parte interna e superior da coxa. Além de outros sinais que podem detectar que ela sofreu algum tipo de violência sexual.

O abuso sexual infantil é algo que preocupa, constantemente, a sociedade, por isso é um dos assuntos que precisam ser debatidos incansavelmente nas escolas, comunidades, família, nos serviços de saúde, entre outros setores públicos.

Quem suspeita de que uma criança esteja sofrendo qualquer tipo de agressão, seja física ou sexual, deve encaminhar a denúncia para o Conselho Tutelar ou para o Ministério Público da sua cidade o mais rápido possível. Se ficar comprovada que a criança sofre algum tipo de agressão ou abuso os responsáveis serão autuados.

Fonte dos dados: Site do Ministério da Saúde/ VIVA SINAN/SVS/MS 2011

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