Escrevo esta minha última matéria – se é que posso chamar de “matéria” – a poucas horas de embarcar de volta para meu querido Brasil. Agora, mais ainda, na expectativa de viver e trabalhar na Jornada Mundial da Juventude Rio 2013. Que alegria!

Mas não quero falar do Rio agora, esta (JMJ 2013) está no coração de Deus. Quero partilhar com você o que vi e vivi durante duas semanas em Madri, Espanha. Quero partilhar algo inesquecível, que jamais se apagará da minha lembrança – desculpe-me pela emoção do texto.

Vi uma cidade acolhedora e bem organizada, uma gente de caráter e respeitosa. Vi aos poucos uma grande cidade ficar pequena para tantos jovens. Mas não jovens quaisquer, eles eram diferentes, nunca haviam se conhecido antes e parece que se conheciam havia muito tempo. Eles falavam inglês, italiano, espanhol, português, alemão, polonês… Babel? Não, Pentecostes.

Quem são estes jovens que enfrentaram tudo por causa da fé? Eles são o rosto da Igreja de Cristo

Eles enfrentavam tudo na mais tenra simpatia. Dormiam no chão, tomavam banhos frios, ficaram em colégios e escolas, carregavam mochilas pesadas, enfrentavam filas para ir ao banheiro, para comer, para entrar no metrô. Eles enfrentaram temperaturas de 40°C, e horas de caminhada pela cidade e até uma tempestade de chuva. E apesar de tudo eles sorriam, cantavam, brincavam, rezavam…

Meu Deus, quem é este povo?

Quem são esses peregrinos que até sofreram algumas agressões dos militantes laicistas e viveram o Evangelho oferecendo o outro lado da face? Quem são esses padres e religiosas que foram insultados e xingados, e, no entanto, responderam com um sorriso no rosto ou um “Deus vos abençoe!”?

De onde vieram esses 30 mil voluntários? Ganharam o que para trabalhar horas e horas por dia, debaixo de sol e chuva, para que os outros pudessem ter um bom encontro ou certo conforto?

Estes jovens atenderam a um chamado, ao chamado de Cristo e à convocação de Bento XVI

E estes jovens, vieram por quê? O que os atraiu? Por que enfrentavam tudo para rezar, se confraternizar e ver um homem de 84 anos passar no meio deles? Por que quando este “ancião” falava havia silêncio no meio de dois milhões de jovens? Que força tem esta Palavra?

Eu não vi uma Igreja medieval, com ideias retrógradas, com um discurso moralista. Onde está essa Igreja [medieval]? Quem é ela? Não a encontrei aqui.

Eu vi uma Igreja Católica jovem, alegre, atuante, fraterna. Eu vi dois milhões de jovens ao redor do Sucessor de Pedro. Eu vi um Papa, que, mesmo debaixo de uma tempestade de chuva, não deixou os jovens sozinhos, se fez um com eles.

Daniel Machado - produtor do Destrave

Eu vi Bento XVI falar: “Não deixeis que nada nem ninguém vos tire a paz”. Eu vi jovens tendo um encontro pessoal com Jesus Cristo. Eu contemplei durantes estes dias um mosaico do céu, uma pequena fresta da cortina do paraíso, que se abriu em Madri. A promessa de que seremos “um só povo, um só rebanho, um só Pastor”.

Se o céu é o que vi nestes dias, digo então como São Paulo: “Por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo – o que seria imensamente melhor” (Fl 1, 23).

Você já teve aquela sensação de que viveu algo tão bom, tão bom, que se tivesse uma máquina do tempo voltaria para viver tudo outra vez?

Pois é, esse é o sentimento da JMJ Madri 2011, que vem seguido de um grito: “Esta és la juventud del Papa!”

Veja o vídeo com as melhores imagens da JMJ Madri 2011

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