adultescência – Destrave https://destrave.cancaonova.com O ‘Destrave’ é um projeto da Canção Nova com produção de reportagens especiais sobre temas voltados para a juventude, lançado em maio de 2011 Tue, 05 Sep 2017 12:05:09 +0000 pt-BR hourly 1 O fenômeno da Adultescência https://destrave.cancaonova.com/o-fenomeno-da-adultescencia/ https://destrave.cancaonova.com/o-fenomeno-da-adultescencia/#comments Tue, 05 Aug 2014 14:46:36 +0000 http://destrave.cancaonova.com/?p=9967 “Adultescência”. Talvez o nome lhe soe um pouco estranho, mas acredite, é um novo termo que surge para classificar uma geração de adultos que insiste em permanecer imersa no mundo juvenil. Segundo Andreia Perroni, doutora em semiótica da cultura e professora universitária, são pessoas entre 25 e 40 anos que gostam de se fantasiar de...

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“Adultescência”. Talvez o nome lhe soe um pouco estranho, mas acredite, é um novo termo que surge para classificar uma geração de adultos que insiste em permanecer imersa no mundo juvenil.

Segundo Andreia Perroni, doutora em semiótica da cultura e professora universitária, são pessoas entre 25 e 40 anos que gostam de se fantasiar de super-heróis, colecionar carrinhos e personagens de ficção científica, passam horas no vídeo-game, e tudo isso sob a supervisão dos pais.

“Interiormente, são pessoas um pouco mais superficiais, que não suportam rotina, não conseguem lidar direito com responsabilidades, por isso, não possuem relacionamentos definitivos. A ideia de casamento ou filhos, por exemplo, lhes parece custosa. Todos nós conhecemos alguém com essas características hoje; por isso, temos essa ‘síndrome’ contextual, ou seja, muita gente vivendo a mesma coisa”, afirma Andreia.

Confira no vídeo abaixo a primeira parte da reportagem

Esse fenômeno também foi descrito, em 1983, pelo psicólogo americano Dan Kiley em seu livro The Peter Pan Syndrome: Men Who Have Never Grown Up (Síndrome de Peter Pan: homens que nunca crescem), quando passou a receber em seu consultório homens adultos com desvios comportamentais, que beiram a certa regressão primitiva ao mundo infantil. Exatamente como o personagem da Disney, Peter Pan, um menino que não queria crescer, era dotado de poderes mágicos e vivia na Terra do Nunca, onde tudo era um eterno brincar.

“Pessoas procurando a juventude sempre houve na história da humanidade. Nós vemos, na mitologia grega, os deuses com características de jovens eternos, o mito da fonte da juventude, entre outros. O desejo de ser eternamente jovem sempre existiu. Por quê? Porque quanto mais jovem tanto mais longe da morte. Contudo, antigamente, isso era visto como algo ponderado, nós víamos essa situação apenas nos contos e mitos”, recorda a professora.

Andreia Perrone Escudeiro em entrevista para o Destrave

Andreia Perroni Escudeiro, doutora em semiótica da cultura pela PUC-SP. Foto/ reprodução

Para a doutora, um dos fatores que fizeram eclodir esse comportamento “juvenilizado” se deu pela crise de sentido trazida pela pós-modernidade. “A pós-modernidade criou um ambiente propício para a adultescência. As pessoas não estão mais se encontrando na sua identidade”, enfatiza Perroni.

Geração Canguru

Segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil segue uma tendência mundial quando o assunto é filhos permanecerem na casa dos pais por mais tempo, o que especialistas têm chamado de “Geração Canguru”. Um levantamento feito, em 2012, segundo dados da Penad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio), mostra que 24% dos jovens entre 25 a 34 anos vivem com os pais, sendo 60% homens e 40% mulheres.

Confira no vídeo abaixo a segunda parte da reportagem

“Hoje, existe uma cultura, até da própria mídia, dizendo para esse jovem: ‘Fique e fique protegido’. Há também uma movimentação dos próprios pais, dizendo aos filhos: ‘Fique mais um pouquinho! Para que você vai sofrer saindo de casa tão cedo?’. Esse ‘tão cedo’ já são 30 e poucos anos. Ou seja, existe uma cultura mostrando para essa pessoa que a saída de casa vai ser só prejuízo. Ele vai ter de se virar sozinho, vai ter de pagar contas, ter responsabilidades. Estamos em meio a uma geração que não quer responsabilidades”, alerta a psicóloga clínica Luciane Evangelista.

O Destrave conversou com Júlio César, um homem de 39 anos que mora com os pais, na mesma casa em que nasceu e cresceu. Ele coleciona carrinhos, revistas de mangá, personagens de ficção científica, além de gostar muito de vídeo-game. “Nunca tive oportunidade nem condições financeiras para sair [da casa dos pais]. O tempo foi passando e eu decidi ficar aqui mesmo”, conta.

Júlio César, 39 anos, mora com os pais e gosta de fazer coleções. Foto/ reprodução

“Eu não gosto muito da rotina, porque ela me sufoca. Dentro do casamento tem rotina, por isso eu não quero casar e ficar assim tão preso. Eu gosto mesmo é de ter liberdade, uma vida mais solta”, revela Júlio.

Juvenilização e mídia

De acordo com os especialistas no assunto, a mídia a serviço da cultura do consumo tem uma influência muito grande no que se tem chamado de Geração X e Y. Personagens dos anos 80 e 90 estão ganhando forças nas revistas, no vestuário, nos brinquedos e, principalmente, no cinema. Não à toa, os grandes sucessos do cinema atual são os heróis de 20, 30 anos atrás, como os clássicos da Marvel: Homem Aranha, X-Men, Batman, Thor, entre outros.

Segundo pesquisa da Ericson de 2014, 50% dos norte-americanos que jogam vídeo-game têm mais de 34 anos, e o Brasil segue a mesma tendência. Por essa razão, o mercado de games é um dos que mais crescem no mundo em razão da nova demanda que tem alavancado esse segmento: os adultos.

Confira no vídeo abaixo a terceira parte da reportagem

Junta-se a esse fenômeno do “eternamente jovem” a ditadura da beleza, com seus produtos cosméticos e suas promessas de rejuvenescimento corporal, de plásticas, silicones, entre outros. Toda essa procura pela “fonte da juventude” – seja ela estética seja ela tecnológica – tem gerado angústia nas pessoas, o que tem sido muito bem aproveitado pelo marketing do consumo.

“Você olha para a televisão e os protagonistas são muito jovens, muito bonitos e criativos. As capas das revistas sempre nos remetem a uma juventude a qualquer preço, ou seja, toda a mídia cria um ambiente propício para a adultescência”, denuncia Andreia Perroni.

Jovens Nem-Nem

Outra característica de jovem que tem aumentado no Brasil são os “nem-nem” (nem trabalham nem estudam). Segundo dados do Penad, 1/5 (9,6 milhões) dos jovens entre 15 e 29 anos vivem nessa situação no país. É como se todo o Estado de Pernambuco não estudasse nem trabalhasse. Desse número, 73% são mulheres.

Segundo o IBGE, há fatores sócio-econômicos que podem explicar esse fenômeno, pois não significa que esses jovens estejam ociosos, “mas não dá para jovens, de 15 a 17 e de 18 a 24 anos, ficarem sem estudar nem trabalhar. É um motivo de preocupação”, diz Ana Lúcia Saboia, coordenadora da pesquisa.

Confira no vídeo abaixo a quarta e última parte da reportagem

 Geração do futuro

Segundo os especialistas no assunto, a adultescência e o comportamento infantilizado não são uma modinha ou algo passageiro, estamos falando do comportamento padrão de uma nova geração, um novo contexto cultural que se tornará normal para a sociedade. 

“Eu acredito que esta é uma tendência que vai se acirrar ainda mais, porque não estamos vendo uma mudança estrutural na educação de nossas crianças”, afirma Andreia Perroni.

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A síndrome de Peter Pan https://destrave.cancaonova.com/a-sindrome-de-peter-pan/ https://destrave.cancaonova.com/a-sindrome-de-peter-pan/#comments Tue, 01 Jul 2014 20:34:48 +0000 http://destrave.cancaonova.com/?p=9855 Se você fizer uma pesquisa, aí mesmo no seu ambiente familiar, verá que, aos 20-25 anos de idade, seus pais, provavelmente, já estavam fora de casa, desbravando o mundo com muitas responsabilidades nas costas. Mas nossa geração não é assim. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens que...

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Foto da Série “Kidults” de Marcin Cecko

Se você fizer uma pesquisa, aí mesmo no seu ambiente familiar, verá que, aos 20-25 anos de idade, seus pais, provavelmente, já estavam fora de casa, desbravando o mundo com muitas responsabilidades nas costas. Mas nossa geração não é assim.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens que decidem não deixar a casa dos pais aumentou cerca de 24% nos últimos 10 anos. É a chamada ‘Geração canguru’. Outro fenômeno comum entre eles é o chamado jovem ‘nem-nem’, ou seja, nem estudam nem trabalham. De acordo com o último senso, o Brasil possui 9,6 milhões de jovens entre 15 e 19 anos que vivem nessa situação. Frank Furedi, professor da Universidade de Kent, diz que “há um grande número de jovens infantilizados” e nossa geração vai ser caracterizada por “homens e mulheres que ficarão ainda mais tempo na casa dos pais”.

Para falar mais sobre esse tema, o Destrave entrevistou Andreia Perroni, professora em semiótica da Universidade Anhembi Morumbi, que defendeu sua tese de doutorado com o tema da Adultescência.

“Este termo ‘adultescência’ foi cunhado por um jornalista britânico que identificou uma geração mergulhada num universo juvenil muito grande. São pessoas, entre 25 a 40 anos, que enfrentam uma dificuldade enorme de crescer e lidar com o fato de que estão ficando mais velhas. São pessoas que também possuem dificuldade de assumir compromissos sérios e permanecer muito tempo num mesmo emprego. Uma das principais características desses jovens é a permanência prolongada na casa dos pais, adiando demais a sua independência”, diz Andreia.

Além da especialista Andreia, o Destrave conversou com a psicóloga Luciane Oliveira; com o terapeuta clínico, Júlio César; com um homem de 40 anos, que mora com os pais e gosta de colecionar carrinhos, revistas de HQ e personagens de ficção científica. O Destrave também conversou com um grupo de jovens universitários que fizeram uma análise desta geração.

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